I.
On First Looking into Chapman's Homer
Much Have I travelled in the realms of gold,
And many goodly states and Kingdoms seen;
Round many western islands have I been
Which bards in fealty to Apolo hold.
Oft of one wide expanse had I been told
That deep-browned Homer ruled at his demesne;
Yet did I never breathe its pure serene
Till I heard Chapman speak out laud and bold.
Then felt I like some watcher of the skies
When a new planet swims into his ken;
Or like stout Cortez when with eagle eyes
He stared at the Pacific, and all his men
Looked at each other with a wild surmise-
Silent, upon a peak in Darien.
Pela Primeira Vez Lendo a Tradução de Chapman de Homero [1ª. versão]
Pelos reinos de oiro já muito viajei,
E muitos belos reinados e estados vi;
Por ilhas ocidentais inúmeras vezes naveguei:
Fidelidade a Apolo guardam os poetas de aí.
Mas muitas vezes uma vasta terra me foi narrada
Em que impera Homero, de fronte profunda;
Porém nunca eu sua serenidade pura encontrara
Até ouvir de Chapman a voz alta e ousada.
Senti-me então como alguém que observa os céus
Quando um novo planeta voa ao seu conhecimento;
Ou como o bravo Cortez quando viu com os olhos seus
Como uma águia, o Pacífico, e por um momento
Todos seus homens de louco espanto se miraram-
Silenciosos em Darien, quando o cume alcançaram.
Pela Primeira Vez Lendo a Tradução de Chapman de Homero [2ª. versão]
Pelos reinos de oiro já muito viajei,
E muitos belos reinados e estados vi;
Por ilhas ocidentais inúmeras vezes naveguei:
Fidelidade a Apolo guardam os poetas de aí.
Mas muitas vezes uma vasta terra me foi narrada
Em que impera Homero, de fronte profunda;
Porém nunca eu sua serenidade pura encontrara
Até ouvir de Chapman a voz alta e ousada.
Senti-me então como alguém que observa os céus
Quando um novo planeta voa ao seu conhecimento;
Ou como o bravo Cortez quando viu com os olhos seus
Como uma águia, o Pacífico, e por um momento
Todos seus homens se miraram espantados-
Sobre um cume em Darien, silenciados.
II.
Bright Star
Bright star! Would I were stedfast as thou art-
Not in lone splendour hung aloft the night
And watching, with eternal lids apart,
Like nature's patient, sleepless eremite,
The moving waters at their priestlike task
Of pure ablution round earth's human shores,
Or gazing on the new soft-fallen mask
Of snow upon the mountains and the moors;
No - yet sill stedfast, still unchangeable,
Pillowed upon my fair love's ripening breast,
To feel for ever its soft fall and swell,
Awake for ever in a sweet unrest,
Still, still to hear her tender-taken breath,
And so live ever - or else swoon to death.
Estrela Cintilante
Estrela Cintilante! Fora eu como tu constante-
E não suspenso em solitário esplendor nocturno
De pálpebras abertas, observando eternamente
Como um paciente da natureza ou eremita sem sono
As movediças águas, em sua missão peregrina
De ablução ao largo das humanas encostas da Terra,
Ou as fofas máscaras de neve mirando de cima,
Recém caídas na montanha ou na charneca;
Não. Mas quedar-me constante, quedar-me imutável,
No seio belo e maduro da minha amada acostado,
Sentindo sua suave inclinação, sua forma agradável,
Numa doce inquietude para sempre acordado,
Escutando-a bem quieto, ternamente a inspirar,
E assim viver para sempre - ou para a morte deslizar.
III.
Why did I laugh to-night?
Why did I laugh to-night? No voice will tell;
No God, no Demon of severe response,
Deigns to reply from Heaven or from Hell.
Then to my human heart I turn at once-
Heart, thou and I are here sad and alone;
Say wherefore did I laugh? Oh, mortal pain!
Oh, darkness, darkness! Ever must I moan,
To question Heaven and Hell and Heart in vain!
Why did I laugh? I know this being's lease
My fancy to its utmost blisses spreads;
Yet could I on this very midnight cease,
And the world's gaudy ensigns see in shreds.
Verse, fame, and beauty are intense indeed,
Buth Death's intenser - Death is Life's high meed.
Porque me ri eu esta noite? [1ª. versão]
Porque me ri eu esta noite? Nenhuma voz o dirá;
Nenhum Deus ou Demónio de resposta severa,
Do Céu ou do Inferno, a replicar-me se dignará.
Para o meu humano Coração então me volto sem demora-
Meu Coração, tristes e sós pr'aqui estamos tu e eu;
Diz-me então porque me ri? Ó agonia mortal!
Ó escuridão, escuridão! Sempre este queixume meu,
Interrogando Céu, Inferno e Coração. Nenhum sinal!
Porque me ri eu? Sei que a libertação deste meu ser
A minha fantasia até ao fundo do seu deleite espande;
Porém poderia eu nesta mesma meia-noite perecer,
E ver do mundo as ofuscantes insígnias rasgadas, distante.
Versos, fama e beleza coisas são de facto intensas.
Mas a Morte é-o mais - é da Vida a maior das recompensas.
Porque me ri eu esta noite? [2ª. versão]
Porque me ri eu esta noite? Nenhuma voz o dirá;
Nenhum Deus ou Demónio de resposta severa,
Do Céu ou do Inferno, a replicar-me se dignará.
Para o meu humano Coração então me volto sem demora-
Meu Coração, tristes e sós pr'aqui estamos tu e eu;
Diz-me então porque me ri? Ó agonia mortal!
Ó escuridão, escuridão! Sempre este queixume meu,
Interrogando Céu, Inferno e Coração. Nenhum sinal!
Porque me ri eu? Sei que a libertação deste meu ser
A minha fantasia até ao fundo do seu deleite espande;
Porém poderia eu nesta mesma meia-noite perecer,
E ver do mundo as ofuscantes insígnias rasgadas, distante.
Versos, fama e beleza intensas coisas são deveras,
Mas a Morte é-o mais - é da Vida a maior das quimeras.
Tradução minha. Como pode o leitor constatar, apresento para o primeiro e último soneto duas versões de tradução possíveis, mudando apenas, em ambos os casos, os dois últimos versos. Na impossibilidade de decidir qual a melhor, e considerando que ambas as versões são, apesar das diferenças, bastante fiéis ao original, deixo ao critério de quem lê a escolha entre a opção que mais lhe agrada.
Eu gostei muito. E deus sabe quão difícil é de traduzir. Entretanto, tenho uma dúvida: utilizou outras traduções do «Lendo o Homero de Chapman» como fontes para compor a sua própria versão? Tenho um interesse profisional nesta matéria e desde já lhe agradeço se me puder responder.
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