Um deputado do PS (parece que é o vice-presidente da bancada) afirmou ontem, num jantar lá com a trupe, que se está "marimbando" para o pagamento da dívida. Inflamado, prosseguiu com a espantosa afirmação de que os portugueses têm uma bomba atómica que vai deixar os banqueiros alemães e franceses a tremer do pernil: NÃO PAGAMOS!
Confesso que já vim um cartaz semelhante para aí exibido há uns meses: a mesma letra gorda e rotunda, rutilante sobre um fundo negro, com a mesma verve e grandiloquência com que o infeliz deputado bramava este seu grito de revolta.
Primeiras reacções: adivinham? Manuel Alegre. Felicíssimo. Elogiando o "jovem quadro" que não se ajoelha nem conforma, e que lançou "um grito de alma" que é preciso levar muito a sério, etc e tal, tudo nestes termos.
Eu pus-me a pensar e, por uma vez, decidi que concordo com o nosso bardo, o nosso formidável e insubstituível guardião da chama de Abril (do Abril que só ele encarna em toda a sua glória e fracasso, que só ele conhece, que só ele ama como mais ninguém). Decidi marimbar-me. Para tudo. Para todos.
Vamos-nos todos marimbar se faz favor. Por exemplo, querem que eu pague parquímetro? Vão-se marimbar, não pagamos! Querem que eu esteja na empresa às oito da manhã? Vão-se marimbar, não acordamos! Querem que se pague a luz, a água, o supermercado? Vão-se todos marimbar, o que a malta quer é a lei da selva! Não faço, não cumpro, estou-me a marimbar!
Senhor deputado, juizinho: olhem que por este andar acabamos todos por nos marimbarmos uns aos outros aqui nesta praínha solarenga e aí quem se marimba é o senhor!
Eu pessoalmente prefiro marimbar coisas mais bonitas.
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